UNIDADE DO EXÉRCITO BRASILEIRO


COMO INSTRUMENTO DE PAZ MUNDIAL NO ORIENTE MÉDIO

 Theodoro da Silva Junior

O conflito secular entre árabes e judeus, os interesses econômicos das chamadas grandes potências ou Super potências (EUA, URSS, França, Inglaterra), bem como suas ambições políticas e o grande jogo estratégico dessas mesmas superpotências, faziam crescer o antagonismo sempre existente na região do Oriente Médio. 

A partir da ascensão política de um novo líder egípcio Gamal Abdel Nasser, o direcionamento político mundial, a partir da década de 50, passou a ter uma nova conotação e visão, com a ocorrência de fatos e atos que mudaram o rumo da história. 

O Presidente do Egito “Nasser” que visionava um melhoramento à sua nação diante da demanda crescente do consumo de energia elétrica, e sentindo o potencial existente em seu território, projetou a construção de uma grande represa (Represa de Assuan), para produção dessa energia elétrica, ponto marcante para o desenvolvimento e crescimento econômico do Egito. Não dispondo de Recursos financeiros para a construção e efetivação da importante represa de Assuan recorreu á várias outras nações, na tentativa de busca de um financiamento para a execução da grande obra. Não conseguindo empréstimo ou apoio financeiro, de nenhuma nação, decidiu nacionalizar a Cia. do Canal de Suez que vinha sendo administrada pelo condomínio França e Inglaterra, como fonte geradora de recursos. Essa nacionalização e administração do Canal de Suez seriam sua grande saída, e garantia de obtenção de dinheiro para a construção desejada. 

Há que se ressaltar que o Canal de Suez fora construído pelo francês Ferdinand Lesseps, seu grande idealizador, com apoio e participação financeira do governo da França e, inaugurado em 17 de novembro de 1869.

Desde sua inauguração o Canal de Suez era administrado por franceses e em seguida os ingleses, através de uma jogada política econômica, que haviam obtido a concessão pelo antigo governo do Egito para a construção e exploração por 99 anos consecutivos, e o governo Egípcio recendo apenas 15% do valor do pedágio ficava assegurada à passagem de navios de qualquer nacionalidade que assim o desejassem, de conformidade com o acordo internacional firmado em Constantinopla. Acordo que durou 87 anos. 

Em 26 de julho de 1956, num discurso inflamado na cidade de Alexandria, o então presidente do Egito, Gamal Abdel Nasser, determinou o fim desse acordo firmado no passado, o qual duraria até 1968, e nacionalizou o Canal de Suez, proibindo, de imediato, a passagem de navios israelenses. 
Essa atitude de Nasser, obviamente, desagradou tanto ingleses como franceses que, por sua parte, buscaram apoio junto a várias outras nações, tentaram intervir militarmente na questão. 

Acabaram criando um plano secreto para incluir Israel como grande coadjuvante numa invasão militar ao território egípcio. O apoio logístico garantiu a efetiva invasão militar por parte de Israel, e houve desembarque de tropas militares de franceses e ingleses na região do Canal de Suez, bem como na importante e estratégica cidade de Port Said, como forma de pressão e apoio militar a Israel, na clara tentativa de resgatar o cumprimento daquele acordo anterior, e retomar a administração do Canal de Suez. 

Houve inicio o conflito que se denominou Guerra de Suez, sendo que Israel com o apoio logístico recebido conseguiu derrotar parcialmente o Egito, invadindo toda a Península do Sinai, com ataques rápidos e inusitados contra as Forças egípcias, chegando vitorioso com seu Exército até o Canal de Suez, como represália os egípcios afundaram vários navios no Canal de Suez, impedindo sua utilização. Era o caos. 

E o grande impasse internacional estava criado em solo do Egito, o clima político torno-se tenso, e essas tenções aumentaram, com as ameaças de intervenção tanto por parte dos EUA, como por parte da então URSS, o que na eventualidade dessa concretização, poderia gerar nova Guerra Mundial. O mundo amedrontava-se diante de tantas ameaças, uma vez que a URSS mostrava-se simpatizante as causas árabes, de outro lado França, Inglaterra buscavam apoio entre os demais países ocidentais. 

Cabia a ONU (Organização das Nações Unidas) tomar iniciativas de uma solução para resolver o impasse. Então todas as atenções políticas e pressões diplomáticas foram parar na Assembléia Geral das Nações Unidas.

A ONU, sentindo então que somente o término da luta armada e a imediata retirada das tropas militares invasoras do solo egípcio, poderiam afastar o perigo que rondava a região do Oriente Médio, e a ameaça à paz mundial. Então agindo com rapidez, a Assembléia Geral da ONU aprovava uma Resolução para o imediato término dessa luta armada. 

Porém logo se evidenciava a falta do devido apoio para que fosse respeitada essa decisão. Então por iniciativa e criação da indicação do Embaixador do Canadá junto a ONU, começaram as gestões para a criação de uma Força Internacional, capaz de, sem fazer uso da violência, garantir o cessar fogo e o devido respeito às Resoluções da Assembléia Geral da ONU. E aí então os “capacetes Azuis” entram em ação e começavam a escrever nova página na história mundial. Foi criada então um “Comando das Nações Unidas” para a imediata concretização de uma Força de Paz Internacional de Emergência, começando por sua organização, efetivo necessário, direcionamento da missão, recrutamento e recursos financeiros. A partir do dia 5 de novembro de 1956, as negociações diplomáticas tornaram-se a porta aberta para uma melhor solução de um acordo mútuo. Os beligerantes confiavam na importância e na imparcialidade da Força Internacional de Paz da ONU.

Egito e Israel concordaram com o cessar fogo, o mesmo ocorrendo com a França e Inglaterra, que não se retiraram das imediações do Canal de Suez, e no dia 7 de novembro de 1956, oficialmente, cessava a luta aramada no Egito. Porém as tropas militares dos países invasores permaneceram estacionadas na região do conflito. Foi necessária a forte intervenção política da URSS e dos EUA, os quais, não obstante o interesse antagônico da região, agiu de modo coerente, exigindo a imediata retirada dos franceses e dos ingleses.

A França e a Inglaterra, retiraram-se na seqüência, mas Israel, relutante, permaneceu em território invadido até inicio de fevereiro de 1957, quando finalmente a Força Internacional de Paz da ONU iniciava suas ações, começando com o monitoramento do conflito e criando a Linha de Armistício, conseguindo apaziguar toda a região e aliviar as tensões do mundo todo, bem como, conseguindo fazer as tropas invasoras de Israel, retornarem além da Linha de Armistício estabelecida. 

Foi designado para o Comando Geral da Força Internacional de Paz, o General Canadense D.D. BURNS, o qual já se encontrava na região, desde há muito, como observador da ONU. Logo a seguir vieram as finais para a organização e determinação das ações da tropa da ONU, que passou a denominar-se “UNEF – UNITED NATIONS EMERGENCE FORCE” - (Força de Emergência das Nações Unidas). O Brasil, por satisfazer uma série de condições exigidas pela ONU, passou a figurar entre os países escolhidos como membros dessa Força de Emergência, dentre os 29 países convidados, e a contribuírem com contingentes militares para a manutenção da paz mundial.

Foram escolhidos inicialmente 10 países para compor essa Força de Emergência: BRASIL, CANADÁ, COLÔMBIA, DINAMARCA, FINLÂNDIA, ÍNDIA, INDONÉSIA, IUGOSLÁVIA, NORUEGA, E SUÉCIA na integração da UNEF 1.    


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