Btl.Suez - 40 anos de um fato histórico

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A participação militar do Brasil em eventos internacionais, marca no calendário o dia 5 e junho de 1967 a História do que foi O INÍCIO da "GUERRA DOS SEIS DIAS, ou a Guerra das 100 Horas".

Como já é sobejamente conhecido, a Guerra dos Seis Dias envolvia ISRAEL na luta contra os países árabes vizinhos, na região considerada como a mais conturbada do mundo, o Oriente Médio.

Desde que Israel foi criado com a colaboração da ONU, em maio de 1948, foi a terceira vez, em duas décadas que houve o desencadear de uma guerra envolvendo o povo Judeu e os Estados árabes que o circundavam, na região da Palestina, Faixa de Gaza no Oriente Médio. O conflito entre esses povos históricos vem, desde há muito, e se alastrando até nossos dias, porém a Guerra dos Seis Dias foi de uma repercussão marcante para alguns soldados brasileiros que prestavam serviços relevantes para a paz mundial, naquilo que ficou conhecido como a Primeira Força de Paz da ONU na história da humanidade.

Conforme a história nos legou, o Brasil integrava a UNEF - "Força de Emergência das Nações Unidas, era a primeira vez que se concebia uma Força Militar Internacional para o cessar fogo entre nações". Tudo transcorria numa paz garantida pelas tropas da ONU, desde fins de 1956.

O Brasil começou a atuar a partir de fevereiro de 1957, a UNEF atuava no Sinai e Faixa de Gaza garantindo o cessar fogo e mantendo uma divisão estabelecida com a Linha de Demarcação de Armistício, neutralizando qualquer ação bélica entre os litigantes por mais de 10 anos consecutivos, quando, enfim, irrompeu-se a Guerra.

Soldados do Batalhão Suez e 20º Contingente, todo contingente era oriundo do Rio Grande do Sul, que prestavam serviços na região, foram surpreendidos pelos primeiros impactos da Guerra, por volta das 08h45min horas da manhã quente e ensolarada do DIA 05 DE JUNHO DE 1967.

A aviação israelense, surpreendia o mundo todo, com seus aviões voando a uma baixíssima altitude, e passando por sobre as cabeças dos nossos soldados do Btl.Suez, de imediato iniciava um bombardeio, alcançando as instalações de El Arish, posição importante dos árabes.

O Brasil naquele momento histórico guarnecia o Campo Rafah da Operação de Paz, em substituição aos soldados Canadenses que haviam partido, tão logo o Presidente do Egito GAMAL NASSER, pediu a retirada da UNEF da região.

Nesse local, Rafah Camp, se encontrava toda Logística da UNEF na Faixa de Gaza e Sinai. Desde então, e por volta das 9 horas da manhã daquele inesquecível dia 5 de junho 1967, nossa tropa viveu dias de muita tensão e ansiedade. Pois como sabemos havia uma notificação de que a UNEF fora extinta no dia 19 de maio 1967, e até a data que teve início a Guerra, não se justificava a presença dos nossos soldados na região. Esse fato é motivo de outros comentários.

Ainda na parte da manha do Dia 5 de junho 1967 nossos soldados foram vítima e alvo de fogo das armas de tiro Tenso (Metralhadoras) e de tiro CURVO (Morteiros e Canhões) E foi nesse período que nossos bravos soldados do 20º Contingente conheciam o pavor de uma Guerra. Até os dias de hoje os dissabores são lembrados com muita tristeza.

Porém nesse mesmo dia 05 de junho 1967, somente às 17 horas, os primeiros soldados israelenses adentravam no Campo Rafah, por cuja segurança o Brasil era o responsável. A tropa brasileira que estava agrupada foi atacada pelos soldados de Israel e posteriormente concentrada fora do Campo Rafah, sob o controle das Forças de Israel. Por oportuno cabe sempre lembrar que nossos soldados participavam de uma Missão de Paz, e, portanto, usavam armamentos leves e não tinham motivos nem condições de luta armada, não estavam ali para Combate de Guerra, mas foram surpreendidos e tiveram que arcar com sérias conseqüências de uma Guerra que não era deles.

Com a situação criada, todo armamento brasileiro foi recolhido por Israel e transportado para local desconhecido. E assim nossa tropa ficou desarmada.

Como parte desse terror bélico é triste lembrar que o Cabo do 20º Contingente Batalhão Suez - CARLOS ADALBERTO ILHA DE MACEDO foi atingido mortalmente por um balaço, o que comoveu todos os companheiros, justo ele que era um dos mais alegres incentivadores no entretenimento da tropa, era também grande músico. O fato abalou o sentimento da tropa que ainda teve outros dois soldados feridos por estilhaços de granadas.

Ainda no dia 05 de Junho DE 1967, nossos soldados foram mantidos agrupados, em uma área fora do Campo Rafah sob a vigilância do Exército de Israel, a partir das 18 horas do dia 05 de junho até às 6 horas da manhã do dia 6 de junho. Toda tropa foi mantida sentada, oficiais e praças, com muita insistência foram fornecidos cobertores porque à noite no deserto era muito fria. Enquanto isso as instalações e alojamentos dos soldados brasileiros foram "pilhados e saqueados" por elementos do Exército de Israel, fato lamentável

uma vez que todos os pertences pessoais dos nossos soldados foram levados, ocasionando um enorme prejuízo material a todos. Sendo que muitos objetos de valor sumiram o que deixou todos ainda mais tristes e angustiados.

Os soldados brasileiros que testemunharam essa Guerra dos Seis Dias, falam e lembram do odor de acre e pólvora que infestava aquele ar, esse odor insuportável se estendia ao longo das estradas do deserto, onde jaziam milhares de corpos em decomposição que se tornaram farto pasto para os urubus. A descrição que nossos heróicos pracinhas de Suez relatam é de uma cena do apocalipse. Muito nervosismo e apreensão.

Apesar do bombardeio a que foram vítimas, houve um pracinha brasileiro que gravou todos os estrondos das bombas, matraquear das metralhadoras e gritos diversos. Existem cópias dessa gravação dispersa por todo o Rio Grande do Sul como uma triste lembrança daquele terrível momento que ilustram todos os sofrimentos de uma guerra.

Desejamos nesse momento prestar nossa homenagem a todos os heróicos integrantes do 20º contingente que souberam honrar nossas tradições militares na esperança de que eles, melhor do que ninguém continuem narrando os acontecimentos que servirão como exemplos de vida e de enorme experiência de vida.

Minha continência a todos vocês do 20º Contingente.

Um grande abraço,

Theodoro.

De: "Theodoro da Silva Junior" <theojr@terra.com.br>
Data: Fri, 01 Jun 2007 21:30:14 -0200
Assunto: 40 ANOS DE UM FATO HISTÓRICO do BTL. SUEZ.


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