VETERANO DA FEB - Gen.Ventura
† Gen Div Domingos Ventura
Pinto Junior
Veterano da FEB
27 jun 1915 - 12 jul 2007
1 Ano de Falecimento
Israel Blajberg (*)
Há um ano deixou-nos o
Grande Soldado, o Presidente do Conselho Nacional das Associações de
Ex-Combatentes do Brasil, porém mais que tudo o lutador pela causa dos
Veteranos, o companheiro, amigo leal e dedicado.
Para os que tiveram o privilégio de conhecê-lo, é como se a sua figura ainda
sobressaísse aqui entre nós, aportando a orientação firme e segura, levantando a
bandeira que agora empunhamos.
"Old soldiers never die, they just fade away" - verso famoso de antiga balada da I Guerra Mundial - Velhos Soldados nunca morrem, eles apenas se afastam, distanciando-se lentamente no tempo e no espaço.
Assim é com o saudoso General. Sua memória estará sempre presente.
Nascido no Rio de
Janeiro em 27 de junho de 1915, praça de 1º. de março de 1933. Da Turma de 1935
da Escola Militar do Realengo. Elevado ao Generalato em abril de 1965. Passou
para a reserva no posto de General-de-Divisão.
Como Capitão na FEB foi Comandante da Companhia de Obuses 105mm do 11o RI
(Regimento Tiradentes), embarcando no 1º. escalão para o Teatro de Operações da
Itália em 2 de julho de 1944.
Pioneiro no emprego de obuseiros de 105mm pela Infantaria, tendo como adido ao
3º. Grupo de Obuses, Grupo Souza Carvalho, de março a julho de 1944, realizado a
aprendizagem técnica e de emprego da Artilharia.
Por determinação do General Zenóbio da Costa, o Capitão Ventura foi incorporado
ao 6º RI (Regimento Ipiranga). Alcançou os diversos postos da carreira sempre
por merecimento.
Ao retornar da Itália, ainda no transporte Gen Mann, o General Zenóbio da Costa
colocou em seu braço esquerdo o primeiro braçal da Polícia do Exército em tempo
de paz. Este gesto simbólico marcou o inicio da PE, com sua estruturação
conduzida posteriormente pelo Marechal Euclydes Zenóbio da Costa e seu
Ajudante-de-ordens, Major Ventura.
A história e a missão da Polícia do Exército Brasileiro se confundem com a vida
e o sonho do Marechal Zenóbio, criador da PE e seu fiel seguidor Gen Ventura,
que deu continuidade ao seu trabalho, consolidando a Polícia do Exército.
Pela sua participação na 2ª. Guerra Mundial recebeu a Cruz de Combate de 2a
Classe; Medalha de Campanha; e Medalha de Guerra. A última condecoração,
recebeu-a no Quartel do CPOR/RJ, aos 9 de maio de 2007, a Medalha da Ordem dos
Cavaleiros do Esquadrão Tenente Vaz, a primeira concedida.
Autor de obras sobre a FEB e a PE, era Acadêmico Emérito da Academia de Historia
Militar Terrestre do Brasil - AHIMTB, 3°. Ocupante da Cadeira 19 – Marechal
Mascarenhas de Moraes, tendo tomado posse em 20 de julho de 2002 em tocante
cerimônia no 1°. BPE - General Zenóbio da Costa o qual comandou na Contra
Revolução de 1964.
Pelo Instituto de Geografia e Historia Militar do Brasil – IGHMB, foi
homenageado com o título de Sócio Honorário, em memorável Sessão de 04 de julho
de 2006.
Na tradicional sede do Conselho no Palácio Duque de Caxias, comparecia
cotidianamente com muita dedicação para o trabalho em prol dos Veteranos,
trazendo orientação segura e palavras amigas, sempre com o pensamento voltado
para os colegas necessitados, e para a preservação das Associações filiadas,
tudo conseguido através de muita luta e sacrifícios.
Pela derradeira ocasião dirigiu com serenidade e determinação a XXXI Convenção
Nacional dos Ex-Combatentes do Brasil realizada no Forte Copacabana em 25 de
novembro de 2006, onde participaram dezenas de ex-combatentes de diversos
estados brasileiros.
Todos sabiam dos esforços que realizava, lutando contra as enfermidades, mas a
noção do dever falou mais forte - o Presidente não poderia deixar sós seus
Veteranos, afinal essa era a razão da sua existência, os ideais pelos quais
pugnava.
Tudo isso cobrou um tributo pesado a sua saúde, preocupando a todos, até que
ocorreu o desfecho inevitável, deste herói que num dia distante de 1944, partiu
para o desconhecido em defesa da democracia e da liberdade, retornando com a FEB
coberta de glórias.
Há um ano atrás, como hoje, custa a crer que nos tenha deixado, mas o fez com a
sensação de missão cumprida, como atestam as muitas medalhas merecidamente
conquistadas.
Sua falta é muito sentida não só pela família, mas por todos que privaram do seu
convívio.
O Homem se foi, mas o exemplo frutificará, do trabalho ingente, da dedicação aos
ideais, da preservação e divulgação da memória da atuação dos combatentes
brasileiros da 2ª. Guerra Mundial, apoio aos veteranos menos favorecidos,
trabalho voluntário, anônimo e humilde.
Aos 92 anos partiu, adentrando o Portal do Paraíso. Foi uma sentida perda para a
Família a quem tão carinhosamente se dedicava, seus inúmeros irmãos de armas,
amigos e admiradores, a quem lega o exemplo e inestimável lição de vida.
A melhor homenagem que lhe poderemos prestar será manter desfraldada a bandeira
a qual dedicou toda a sua rica existência.
Que a sua alma faça parte da corrente da vida eterna.