18° CONTINGENTE SD. HELENO PINHEIRO ANADIAS
HOMENAGEM - O homem que encontrou na farda sua liberdade
( AGUARDANDO A FOTO AQUI )
Dona Cidinha e o soldado Heleno |
13/04/2007 “Se eu tivesse o dom de voltar no tempo e viver tudo novamente, eu tomaria as mesmas atitudes, escolheria os mesmos caminhos e seria feliz duas vezes”.
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Aos 63 anos de vida, Heleno Pinheiro Anadias, aposentado há 15
anos como técnico de segurança empresarial, vive numa linda casa com uma vista
panorâmica para todo o Jardim Rio Grande, junto com sua esposa Aparecida Joana,
a dona “Cidinha”, a forma carinhosa como prefere ser chamada.
Esse lar comum do interior paulista guarda histórias incríveis do passado
aventureiro de Heleno. Mostrando seus álbuns de fotografias, revistas e
cadernos, ele conta sua história, que em nada se assemelha à mansidão da casa,
do bairro, da cidade.
No ano de 1963, fez seu alistamento obrigatório no Exército Brasileiro e depois
se engajou, permanecendo por dois anos. Em 66 submeteu-se a nove exames médicos
da ONU e assinou um termo de responsabilidade, assumindo permanecer no mínimo um
ano fora do Brasil, tudo para servir junto com o 18º (Contingente) Batalhão Suez
na Faixa de Gaza no Oriente Médio.
Em 6 de abril de 1966 ele e 280 companheiros de farda embarcaram em três aviões Hércules C130 da Força Aérea Brasileira no aeroporto de Guararapes (Recife) com destino ao Oriente Médio. Fizeram escalas no Senegal, na Argélia e chegaram à Faixa de Gaza, na Palestina, onde Heleno permaneceu por um ano e dois meses.
Seu trabalho e de seus companheiros consistia nos plantões feitos
nos postos de observações próximos da Faixa de Gaza, onde era permitida a
passagem apenas de representantes da ONU. “Era surpreendente como duas
terras tão próximas eram tão diferentes. Enquanto uma parecia um oásis, a outra
era puro deserto”, definiu o pracinha.
Solteiro e aventureiro, aproveitava todos os instantes em terras estrangeiras e
os benefícios por ser soldado das Nações Unidas. Mesmo assim, passou por
dificuldades com a língua árabe.
Conheceu o trajeto de Jerusalém a Belém, o Muro da Lamentação,
Palácio de Herodes, Pilatos, o Santo Sepulcro, Mar Vermelho, o museu de
Jerusalém e a Manjedoura.
Em 31 de outubro de 1966, foi para Beirute no Líbano e depois para o Monte
Líbano, onde pôde conhecer o segundo maior cassino do mundo daquela época.
Depois foi para Damasco, na Síria, onde conheceu a igreja em que
João Batista foi decapitado e as ruínas dos deuses de Baal.
O brasileiro completou 22 anos de idade a 280 km do batalhão de Suez, quando
atravessou o canal até o Porto de Said que separa o Mar Vermelho do Mar
Mediterrâneo.
Na quarta-feira da semana Santa de 1967, às nove horas da manhã, o 18º
(Contingente) Batalhão da Suez deu adeus à Faixa de Gaza e retornou ao Brasil
fazendo escalas em Beirute, Roma, Lisboa, Ilha do Sal e finalmente Recife.
O 18º (Contingente) Batalhão foi substituído pelo 19º e dois
meses após o retorno de Heleno, estourou a Guerra dos Seis Dias, onde o 19º ( e
20° Contingente) Batalhão Suez lutou (lutaram) pela ONU.
O soldado recebeu a Menção Honrosa que diz: “Ao sr. Heleno Pinheiro Anadias é
conferida a presente Menção Honrosa por sua exemplar conduta e marcante
honestidade profissional, revelados durante o seu tempo de serviço à Pátria e a
Humanidade, nas fileiras desta unidade, no Oriente Médio.
Rafah – Egito, 15 de março de 1967.
O comandante do batalhão, Cid de Oliveira Ferreira“
Ao voltar à sua terra natal, na cidade de Belo Jardim, em Pernambuco, Heleno casou-se e enviuvou duas vezes tornando-se o único responsável pelos três filhos. Casou-se pela terceira vez, mudou-se na década de 80 para Fernandópolis e sua felicidade permaneceu até hoje. Há 23 anos está casado com dona Cidinha e cultiva uma linda família, com os filhos e um neto.
de Theodoro da Silva Junior
<theojr@terra.com.br> o
data 23/02/2008 22:13
assunto Reportagem - Sd.Heleno - 18° Contingente