Visão Judaica - Desfazendo mitos sobre o Oriente Médio

Edição N° 27 :. Diretas e curtas .:


Mudar a visão do conflito entre Israel e Palestina no Brasil, com a distribuição de exemplares do livro "Mitos e fatos - a verdade sobre o conflito árabe-israelense", foi a missão a que se propôs o autor da obra, Mitchell G. Bard, que esteve em São Paulo para o lançamento do livro em português. "Israel sofre ataques da opinião pública mundial baseados em informações distorcidas", disse ele na quarta-feira 11/8, em entrevista coletiva à imprensa. Ao jornal Visão Judaica, entretanto, ele concedeu, também em São Paulo uma entrevista exclusiva, no sábado 7/8, logo após o término do shabat, num encontro ao qual esteve presente também Jairo Fridlin, da Sêfer, que editou a obra em português. Mestre em Políticas Públicas pela Universidade de Berkeley e Ph.D em Ciências Políticas pela UCLA, Bard é diretor executivo da Organização de Cooperação EUA-Israel e analista político. Por três anos editou o informativo Near East Report (NER), que procura corrigir as distorções sobre o Oriente Médio desde 1957. As análises do NER, do editor Isaiah Si Kenen (1905-1988) - deram origem ao livro, que agora ganhou informações e observações de Bard. Ele atuou como jornalista no Oriente Médio e escreveu outros 16 livros. Para o jornalista brasileiro Ricardo Viveiros, que assina o prefácio de "Mitos e fatos",
apesar de Bard defender Israel, o livro reúne informações isentas e desvenda a história do Oriente Médio.

Visão Judaica - Como surgiu a idéia do livro "Mitos e Fatos"? Mitchell Bard - O livro, na realidade, é bem antigo, tem mais de 40 anos. Era uma seção de uma newsletter publicada pelo American Israel Public Affairs Committe - Aipac - nos Estados Unidos. A última edição foi em 1992 e após os Acordos de Oslo, não foi mais publicada. Pensava-se que haveria paz e não seria mais necessário falar a respeito de mitos e fatos. Mas, depois, tornou-se evidente que Oslo foi um fracasso. Surgiu então uma grande demanda por informações para responder aos mitos que nos EUA as pessoas estavam ouvindo sobre o conflito. Assumi o projeto e comecei a publicá-lo novamente. Era óbvio que problema estava se espalhando pelo mundo. O conflito não era entendido, as pessoas não tinham conhecimento suficiente da história e os que apoiavam os árabes estavam perpetuando as mentiras. Por isso, tentamos traduzir o livro no maior número possível de línguas e já há edições em francês, alemão, espanhol, sueco e português. Estamos fazendo a tradução para o russo e procurando quem o faça para o hebraico e também para o árabe. O livro também está na internet, num dos maiores websites do mundo (www.jewishvirtuallibrary.org). A informação é tão
importante que está disponibilizada gratuitamente em inglês [e em português] a quem estiver interessado. Como surgem sempre novos mitos, pode-se fazer atualizações on-line constantemente, o que não acontece com o livro impresso. Semanalmente encaminhamos e-mails com um novo mito e fato.

VJ - De fato, o problema da informação é muito sério, mesmo no Brasil e especialmente na mídia. Visão Judaica surgiu há quase três anos, exatamente por este motivo, e hoje grande de seus leitores é de não-judeus.

MB - Isso é muito importante (Bard mostra-se surpreso ao saber sobre os leitores Visão Judaica). Nos Estados Unidos, a maioria dos jornais judaicos pertence às federações judaicas e são mantidos pelas comunidades locais.

VJ - Como vê a opinião pública mundial sobre Israel. Até alguns anos, dizia-se que não havia um trabalho de relações públicas e hoje, com tudo o que é feito, há algum resultado desse trabalho?

MB - Nos EUA acredita-se que Israel tem uma terrível hasbará (relações públicas). É algo complicado. Uma coisa é: Será que está surtindo efeito? Nos EUA há uma percepção errônea de que os americanos costumavam gostar de Israel. Houve uma época áurea, após a Guerra dos Seis Dias, mas o conflito com os palestinos, a intifada e os preconceitos da mídia desde 1967, levaram as pessoas a uma visão diferente em relação a Israel. Como cientista político, estou interessado no que posso mensurar e não somente em percepções. Um fato interessante é que em 1967, quando Israel era popular, uma pesquisa de opinião mostrou o apoio de 56% dos americanos. A pesquisa mais recente, de fevereiro de 2004, mostra que esse índice ficou em 55%. Se antes eles apoiavam com 56% e agora dizem odiar Israel, a pesquisa mostra aprovação de 55% da população... Como é que pode ser tão ruim? Há uma percepção geral errada de que as coisas pioraram, mas não acredito nisso, pois os dados não confirmam essa piora. Também é verdade que os americanos nunca gostaram de Israel já 56% não é tão bom assim. É praticamente metade da população. Se analisarmos todas as pesquisas feitas (elas estão no site), a média de aprovação das mais de 100 realizadas desde 1967 fica abaixo dos 50%. O que é importante em termos de influência é o fato de que os americanos podem não gostar de Israel, no entanto, eles desaprovam os árabes. Essas mesmas pesquisas mostram que o índice de apoio a eles chega a 14%. E eu digo: não há um percentual menor de aprovação a Israel, uma vez que os americanos nunca manifestaram seu apoio por completo. Este é, portanto, um aspecto relevante. O ponto principal é o que acontece com a atual política, pois se acredita em percepções de que a situação está terrível para Israel. A política americana com relação a Israel está melhor hoje do que esteve em qualquer tempo. Em 1967 não era má, mas, como se sabe, os EUA realizaram um embargo de armas durante a Guerra dos Seis Dias e [o então presidente Lyndon] Johnson era contrário a participação de israelense na guerra e havia problemas. Atualmente, a quase totalidade do Congresso americano demonstra seu apoio. O número de congressistas críticos a Israel pode ser contado em uma mão. As coisas estão melhores, mas sempre estamos preocupados, pensando que podem piorar. E é verdade, pois há problemas antigos nos EUA, com os quais ainda não lidamos. Por exemplo, há várias questões significativas de alterações demográficas, como é o caso dos hispânicos cujo crescimento populacional fará com que sejam mais representativos do que os afro-americanos. Hoje, há poucos representantes hispânicos no Congresso, mas com as mudanças acontecendo, esse número crescerá e eles, assim como outras minorias, se farão presentes. A comunidade judaica realizou um grande trabalho junto a algumas dessas comunidades, principalmente junto à comunidade negra, mas ignorou a hispânica. Há mais de 10 anos, escrevi um artigo, juntamente com minha esposa, na revista "Hadassa", onde analisávamos a relação judaico-hispânica, citando que os hispânicos seriam muito importantes politicamente e ninguém estava fazendo qualquer trabalho junto delas. Escrevemos isso há mais de uma década e até hoje pouco foi feito nesse sentido. Nos próximos 20 ou 30 anos, os hispânicos terão maior influência no Congresso e se não mantivermos um relacionamento com eles, isso poderá ser um problema.

VJ - Na Europa, em 1967, a imagem de Israel era boa e nos dias atuais está muito ruim. O senhor poderia comentar esta situação?

MB - Não acho que a Europa tenha apoiado Israel. A Europa nunca apoiou Israel. Na realidade, durante a guerra de 67, o principal fornecedor de armas foi a França e não os EUA e nosso amigo Giscard d'Estaing também fez um embargo e depois disso os franceses nunca mais forneceram armas. Após a guerra, logo depois dos EUA terem recomeçado a enviar armamento para Israel - uma das mudanças mais significativas na política ocorreu em 1968 quando venderam os primeiros aviões supersônicos - o que alterou o relacionamento entre ambos e, desde então, tornaram-se o seu principal fornecedor. Os britânicos até hoje não vendem armas a Israel e os franceses também não. Os alemães são os únicos que venderam armas. A maior parte disso foi em razão da culpa pelo Holocausto. Os europeus nunca manifestaram grande apoio a Israel e no decurso dos anos ficaram piores. Acredito que os europeus, quando se trata do Oriente Médio, não têm valores. Seus únicos interesses são de ordem econômica e comercial - fornecem tecnologia nuclear ao Irã e Iraque, vendem qualquer coisa para quem quer que seja. Eles têm pouco interesse em se relacionar com Israel porque aceitaram o argumento de que isso iria afetar seu comércio com os árabes. Para os EUA, os interesses econômicos e comerciais também são muito importantes, e este é o motivo pelo qual o país tenta atuar de forma balanceada, para não irritar os árabes em demasia, enquanto apóia Israel. Mas, os EUA também têm outros valores. Acreditam na democracia e apóiam a única democracia do Oriente Médio, que é Israel. Temos um relacionamento especial, queremos sua sobrevivência e prosperidade. Já os europeus não têm essa opinião.

VJ - Sharon fez um convite aos judeus franceses para que imigrassem a Israel. Que futuro têm os judeus da França com o enorme crescimento do anti-semitismo?

MB - Os israelenses convidam todos a fazer aliá (imigração). Quando o presidente de Israel vem aos EUA fala aos judeus da América sobre aliá. O caso da França é especial por causa da situação neste momento. Como não vivo na França, fica difícil comentar. Há poucos meses encontrei judeus franceses que foram aos EUA para conhecer como atuamos na atividade política. Eles disseram que não viam futuro para os judeus na França e que acreditavam que o crescente anti-semitismo está ligado às mudanças políticas ocorridas. Atualmente, entre 10 e 12% da população é árabe, então, a sua influência política, além dos atos de anti-semitismo, é crescente. Essa questão deixou-os muito preocupados com o futuro. A situação está muito ruim na França. Quase todas as semanas há algum incidente, atos de vandalismo e agressão física. É muito sério. Os judeus franceses também disseram que o governo tentou tomar medidas para combater o anti-semitismo, mas sua política em relação ao Oriente Médio não é favorável a Israel.

VJ - Voltando ao tema do livro, temos conhecimento dos mitos, mas impressiona a sua quantidade. Como é possível criar tantas distorções?

MB - Como já disse, o livro é antigo e quando faço minhas palestras, sempre há quem diga "tenho a edição de 1985 de 'Mitos e Fatos' e o livro não era tão volumoso. O que aconteceu?" Eu respondo que se os árabes parassem de criar mitos, não necessitaríamos novos fatos e nem o livro seria tão extenso. Hoje, quando eu estava verificando meus e-mails, alguém me mandou esta mensagem: "Sou nascido em Israel e ouvi que os israelenses estão usando armas químicas contra os palestinos, é verdade?" Há histórias em que o representante palestino na ONU disse que os israelenses estavam infectando os palestinos com o vírus da Aids, que aviões israelenses estavam jogando doces envenenados para as crianças sobre Gaza. A história foi mudada depois, alteraram a versão, citando que brinquedos estavam sendo jogados de aviões, mas que continham armadilhas explosivas. Novas mentiras, que não se imagina que alguém possa acreditar, estão sendo constantemente criadas. Mas verificando, encontraremos pelo mundo não só palestinos que acreditem nelas. Uma das mentiras mais ultrajantes, que foi inclusive matéria do programa "Sixty Minutes", refere-se ao que aconteceu com o World Trade Center, em Nova York, que tinha sido obra do Mossad. Disseram que havia milhares de israelenses que lá trabalhavam e que naquele dia não compareceram ao local. Eles estão constantemente inventando coisas e uma das razões para isso é que descobriram que as mentiras têm freqüentemente curso e algumas delas são aproveitadas pela imprensa. Exemplo recente foi o "massacre de Jenin". Saeb Erekat disse que 500 palestinos haviam sido massacrados pelos israelenses e todos os meios noticiosos repercutiram a história, que uma vez divulgada torna-se difícil, ou melhor, praticamente impossível de ser anulada, mesmo que tenha sido comprovado pelos próprios palestinos de que se tratava de uma mentira. O relatório deles indicou cerca de 50 mortos e que estes, na sua grande maioria, eram terroristas. O dano, porém, já estava feito. Sempre falei que os palestinos tendem a acrescentar um ou dois zeros no número de vítimas. Assim, se 10 pessoas morrerem, este número tanto pode subir para 100 como para 1.000. Foi o que aconteceu na guerra do Líbano com o irmão de Yasser Arafat, que inventou a quantidade de mortos e desabrigados, número que foi repetido em todos os lugares. Às vezes, falamos sobre o que acontecerá com Arafat, e eu digo que ele deve permanecer em frente às câmeras de TV sempre. Caso contrário, quando morrer, Israel será considerado culpado. Dirão: "Eles deram um jeito de colocar alguma coisa na comida dele, levando-o à morte".

VJ - Foi justamente o episódio de Jenin que motivou a criação do jornal Visão Judaica...

MB - Nos EUA, nessa época, nem sei dizer quantas pessoas me ligaram dizendo que era preciso fazer algo. Cada uma delas queria iniciar uma organização de hasbará. Grande parte desses grupos não conseguiu realizar nada ou era composta apenas por uma pessoa. Mas algumas funcionaram como, por exemplo, uma senhora - com quem trabalhei - e que sentiu a necessidade de uma ação de relações públicas. Ela tirou do próprio bolso 50 mil dólares e começou a fazer anúncios publicitários em canais televisão, o que nunca, segundo o que sei, havia sido feito. Ela promoveu Israel através da publicidade ou de um tipo de propaganda política. Os árabes já haviam feito isso antes. O grupo que ela integra está agora trabalhando em algo que também não havia sido feito antes, embora pareça óbvio, que é a realização de pesquisas de opinião pública para saber o que os americanos realmente pensam e tentar compreender quais são os argumentos mais persuasivos a serem aplicados. O que mudou em "Mitos e Fatos" nos últimos anos é que tento escrever a resposta a um mito de forma mais persuasiva. Há certas maneiras de se apresentar a informação que têm maior chance de influenciar àqueles que ainda não concordam conosco. Assim, aprendemos com essas pesquisas a utilizar certos argumentos e estratégias. Por exemplo, nos EUA gastava-se muito tempo com Yasser Arafat - ele é um terrorista, uma pessoa má, a raiz de todos os males. Descobrimos com as pesquisas de opinião pública que desperdiçávamos nosso tempo porque os americanos já sabiam disso e não era preciso convencê-los disso. O que teve bom resultado foi comparar a liderança palestina com o rei Hussein ou Anwar Sadat, pois quando existem líderes corajosos do lado árabe, preparados para a paz, Israel respondeu e trocou territórios por paz. Quando os palestinos tiverem um líder com esta visão, haverá paz. Outra comparação que fazemos: os valores americanos aos de Israel, pois ambos são democracias, com liberdade de expressão; já os palestinos não acreditam em liberdade de expressão, de imprensa ou de religião, nos direitos da mulheres e dos homossexuais.

VJ - Arafat nunca quis a paz e agora ele está começando a sofrer uma revolta do seu próprio povo. Além disso, está doente e se ele cair, haverá interlocutores para a paz com Israel? O senhor acha que um dia vamos chegar à paz?

MB - Para entender a situação política palestina, é mais fácil compará-la a um filme de Hollywood, The Godfather (O Poderoso Chefão). Se entendermos que Yasser Arafat é o chefão, podemos entender tudo sobre a situação política. Ele controla tudo. Por que ninguém o desafia, dizendo que ele está errado, que é preciso fazer a paz com Israel? Porque acaba morto. Não é uma democracia, é uma sociedade engajada na violência, uma espécie de máfia. A liderança não tem como base o equilíbrio, mas sim a força. Por que
Yasser Arafat é líder do povo palestino? Será pelo carisma? Não, é porque ele tem mais munição. Sabemos que ele roubou 900 milhões de dólares. Para quê? Não foi para viver num palácio, mas para lhe dar um mérito. Há muitos ditadores que embolsam dinheiro e moram em palácios, como foi com Saddam.
Mas Arafat com esse dinheiro paga para que o apóiem e assim ele mantém seu poder. Creio que, apesar do que se lê, ele ainda mantém o poder. Quem o substituirá? Ninguém pode fazer a paz enquanto estiver vivo. Ele está com ou completará 75 anos, mas com a nossa sorte é capaz dele viver 100 anos. Quando morrer, a análise de quem o substituirá é algo bem interessante. Há muitos artigos em inglês, e provavelmente no Brasil também, sobre quem sucederá Arafat e eles dizem exatamente a mesma coisa, apresentam a mesma lista, e as pessoas que não estão nesta lista vão à televisão falar de como querem ser moderadas e trabalhar pela paz com Israel. Os que estão incluídos na lista são chefes da segurança da Margem Ocidental, de Gaza, chefes dos serviços de informações da Margem Ocidental. Quando ele se for, a pessoa que o sucederá não será uma Hannan Ashrawi ou alguém assim, mas um dos chefes que tiver mais balas. Um fato interessante surgido nestes últimos meses é que em Gaza, quando das operações militares para fechar os túneis por onde os palestinos contrabandeavam armas para lutar contra Israel, descobriu-se que grande parte do armamento ia para os chefes de segurança da Margem Ocidental e de Gaza, que se preparam para uma guerra civil no caso da morte de Arafat. Não vejo um líder palestino que seja diferente. Há pessoas como [Mohammed] Dahlan, que é um desses chefes que os israelenses dizem ser diferente, mas é difícil. O que considero bom em relação à cerca de segurança é que ela força os palestinos a encararem a realidade bem mais cedo. Com a sua construção, há um incentivo maior para que mantenham conversações com os israelenses na tentativa de ter parte do território de volta. O mesmo acontece com os assentamentos. Tenho uma visão bem diferente sobre eles, pois não creio que sejam um obstáculo para a paz, pelo contrário, são um incentivo. Devemos refletir sobre o que levou os palestinos a Oslo, uma vez que não queriam a paz e nem desistir de nada. Uma das principais razões para a presença deles lá é que eles despertaram por volta de 1993 e se viram cercados de judeus, e que precisavam fazer alguma coisa para impedir o crescimento dos assentamentos e a perda do espaço num Estado palestino. Esta foi a principal razão pela qual foram a Oslo. E o mesmo acontece agora com a cerca. Eles ficaram adiando, adiando e, finalmente, quando ela estava construída se defrontaram com a realidade: "esperamos e veja o que aconteceu conosco, é melhor fazer alguma coisa."

VJ - Uma decisão como a da ONU, que tem dezenas de países árabes e do Terceiro Mundo, já era prevista, mas a da Corte de Haia, da qual se esperava uma linha decisória correta, mesmo diante de estatísticas que mostram ter caído a quase zero o número de mortes em atentados a bomba, nem assim foi favorável a Israel na questão da cerca. Realmente é uma decisão muito desalentadora.

MB - A decisão da Corte foi uma paródia, quanto mais as pessoas viram, mais elas se deram conta de que não se importam com Israel. O que eles falaram foi que nenhum país tem o direito de se defender a não ser que seja atacado por um outro Estado. Assim, se o Brasil algum dia for atacado por terroristas seria ilegal ir atrás desses terroristas. A defesa só seria permitida se o ataque fosse do Uruguai ou da Argentina. Com os terroristas não se pode revidar. É óbvio que para os Estados Unidos isto é muito sério.
Basicamente diz que não se pode ir atrás da Al Qaeda. A ONU há muito cessou de ter qualquer postura moral e está é uma das razões pelas quais o apoio americano é tão vital à sobrevivência de Israel. Porque vimos que os europeus acompanharam as críticas das Nações Unidas a respeito da cerca e se fosse pela Europa, provavelmente, o Conselho de Segurança imporia sanções a Israel, como o fez para África do Sul, Iraque e o Sudão. Foram os Estados Unidos que impediram essa situação, mostrando que é verdade que o mundo dá pouco valor às vidas dos judeus, o que é muito inquietante.

VJ - Por que a Jordânia optou por retomar as discussões políticas?

MB - É importante que as pessoas entendam que a Jordânia é a Palestina histórica, geográfica e politicamente. Mas atualmente a Jordânia não está interessada em ser o Estado Palestino. Ao contrário, durante o reinado hashemita fez de tudo para não ser um estado palestino. E os palestinos, pelo menos na sua maioria, queriam que seu estado começasse na Margem Ocidental e provavelmente subisse para o Norte. Um fato que teve pouca publicidade é que os palestinos tentaram fugir para a Jordânia nos dois últimos anos, da intifada, e a Jordânia não os deixou entrar. De fato, todo ano, por ocasião da peregrinação dos muçulmanos a Meca, os palestinos precisam atravessar aquele país e os jordanianos se certificam de que eles assim o fazem. Os jordanianos não querem nada com os palestinos. Os Estados Unidos que sempre tiveram relações amistosas com a Jordânia não a pressionaram a aceitá-los. Em um artigo que escrevi no "Commentary Magazine", uma revista considerada muito conservadora nos Estados Unidos, afirmei que Israel deveria ter se retirado unilateralmente em 1980, e David Bar-Ilan, acredito que na época era o editor do "Jerusalem Post", e depois se tornou membro do governo, escreveu um artigo que dizia o contrário, que Israel deveria permanecer e que a Jordânia deveria ser a Palestina.

De: Theodoro da Silva Junior <theojr@terra.com.br>
Data: 23/08/2007 (20:56:41)
Assunto: Visão Judaica - DESFAZENDO MITOS DO ORIENTE MÉDIO


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