Nossa Participação - 1


 

- Você que participou do Batalhão Suez, pode ter partido de Minas, do Rio de Janeiro, de São Paulo, do Paraná, de Santa Catarina ou do Rio Grande do Sul; você pode ter ido de navio ou de avião, mas o seu quartel de origem foi o 2º RI. (Rio de Janeiro), você foi integrante do III/2º RI.

 

RELATIVO AO QUE USÁVAMOS NO "BIBICO" COMO COBERTURA 
ANTES DE RECEBERMOS A BOINA AZUL. 

NOSSA PARTICIPAÇÃO
Península do Sinai/Faixa de Gaza/Palestina.

   
        A UNEF - (United Nations Emergence Force) ou "Força de Emergência das Nações Unidas", foi criada para garantir o cessar fogo e evitar nova guerra entre árabes e israelitas, e assim manter a paz no Oriente Médio, cujo conflito - final do ano de 1956 - ameaçava a paz mundial, devido às tensões em tempos de "guerra fria". E o epicentro das atenções era a ameaça de interceptação do Canal de Suez. A chamada Força Internacional de Paz, inicialmente composta por 10 países (Brasil - Canadá - Colômbia- Dinamarca - Finlândia - Índia - Indonésia - Iugoslávia - Noruega - e Suécia) , instalou-se na Faixa de Gaza, criando uma zona neutra e estabelecendo a Linha de Demarcação de Armistício, que nada mais era do que a divisa física entre Egito e Israel.

        Todo o efetivo da Força Internacional de Paz da ONU tinha como principal missão, que pode ser resumida em uma frase: impedir a transposição da LDA quer por israelitas, quer por árabes e, caso “houvesse uma agressão, tentar interpor-se, e apontar o agressor”. Para isso o Comando Geral da Força, dividiu a Faixa de Gaza em seções, isto é, atribuídas uma área delimitada, a cada um dos diferentes batalhões (inicialmente 10 países) que compunham a Força. No decorrer da missão, ainda já no inicio daqueles 10 anos de Missão de Paz, alguns países que mantinham seu Batalhão como efetivo da Força de Paz da ONU, deixaram de participar e voltaram para seus países de origem, por exemplo, a Colômbia, a Indonésia, etc. e o Brasil foi quem mais acumulou área de vigilância, com a saída desses paises. No que concerne às principais atividades atribuídas ao efetivo da UNEF, tinham ainda os serviços de guarda nas áreas de Logística e Manutenção da Força, em Rafah Camp; no seu pequeno aeroporto na cidade Khan Yunis, e ainda no QG da UNEF na cidade de Gaza. 

        Tínhamos consciência da responsabilidade que pesava em nossos ombros, e sabíamos que se fôssemos destruídos, ou eventualmente derrotados, ou ainda, acometidos de qualquer fracasso, estaríamos ridicularizando toda a nação brasileira, a quem estávamos ali a representar, e diante dos olhos de outros povos e de outros Exércitos, e também, colocando em descrédito toda Organização Internacional da ONU.
Portanto, o Batalhão Brasileiro (Btl. Suez), com muita propriedade e com muita responsabilidade, fazia, e fez, parte daquela Operação Internacional de Paz da UNEFE (United Nations Emergence Force) e teria, como teve, a obrigação de cumprir com êxito sua tarefa, fazendo jus a confiança em si depositada.
Dentro desse quadro, o Batalhão Brasileiro (BATALHÃO SUEZ) recebeu missões diversas. Na LDA vigiava 32 Km, com duas Cias. de Fuzileiros, cuja principal rotina da missão de Paz, resumia-se no seguinte: de dia vigiava-se o "front" com postos de observação e com sentinelas em pontos estratégicos e espaçadas bem pequenas patrulhas motorizadas. À noite transformava-se em patrulhas a pé, onde cada Pelotão fornecia duas patrulhas, uma das 18 horas às 24 horas e a outra das 00 horas às 06 horas. Havia o serviço de Ronda Motorizado efetuado por um Oficial e 2 Praças, que percorriam toda extensão da LDA, e prestavam uma espécie de reforço à Patrulha a pé. Esse serviço de patrulha a pé era pesado. Cada patrulha tinha o itinerário distante caminhava em formação, a critério das ordens de seu comandante por, ininterruptamente, durante 6 horas consecutivas por serviço, no verão ou no inverno, caminhando sobre a areia. O patrulheiro tirava esse serviço, numa média, a cada a três vezes por semana. Com as alterações havidas, em relação aos primeiros Contingentes, sabe-se que existiu patrulha motorizada, as quais fazem parte das narrativas dos brasileiros a partir do 16º Contingente.

        Uma outra Cia. de Fuzileiros, (a 8ª CIA.) servia no Q.G. do Btl. Brasileiro, guarnecendo as instalações e pronta para receber outras missões, o que foi realmente implantado, uma vez que a 8ª CIA, que naturalmente teve seu efetivo aumentado, passou a guarnecer as instalações de Logística da UNEF., em Rafah Camp, coisa que era atribuição dos Canadenses, e outros Batalhões que não o Brasileiro. 
Finalmente a Cia Comando e Serviços (CCS) - tinha seu PC justaposto ao do Btl. Brasileiro (compunha-se de pessoal da área de saúde, mecânicos, motoristas, burocratas, e outras especialidades.) A partir da chegada do 16º Contingente Brasileiro houve alterações e dispositivos de área e de mudanças de atribuições ao Batalhão Brasileiro, sabe-se que alguns Pelotões foram extintos, bem como um remanejamento de pessoal e de atribuições.
(Colaboração do Cb.Theodoro – 10ºContingente)

 

 

        Toda vez que iniciamos a falar, em breve relato, o histórico do que foi o BATALHÃO SUEZ, havemos sempre de relembrar a seguinte frase “Remonta ao final da 2º Guerra Mundial à história do Batalhão Suez, isto porque essa última grande guerra poderia ser evitada, se houvesse intervenção de algum organismo ou instituição como a ONU - Organização das Nações Unidas. Foi preciso refletir no legado negativo e macabro dessa guerra que deixou com perda de 50 milhões de vidas, isto é, pessoas que foram mortas por atos da guerra, além de ter criado mutilações e seqüelas em outros tantos milhões de pessoas”. Lembramos também que ela deixou para a humanidade, o maior de todos os pesadelos que é o temor da destruição e do poder nuclear, tecnologia do terror, nascido como um marco negativo, cuja tecnologia sofisticou-se e propagou-se rapidamente, vulgarmente chamado de “Indústria da destruição humana”. O pensamento nesse pavor de destruição e nas conseqüências que uma outra guerra mundial poderia causar e, baseados nas experiências e no ensaio de idéias, daquilo que poderia ser a “Liga das Nações” que não prosperou, fizeram com que 51 nações inicialmente, aprovassem a criação da ONU. Mais tarde, várias outras nações incorporam-se e passaram a fazer parte como membros, também, da ONU, compondo, assim, o amplo esforço da reconstrução mundial, com intuito explícito de evitar, quer por interferência da organização, quer por diplomacia, a eclosão de outra guerra.

        Essa vontade de lutar pela paz, evitando conflitos, gerou nova filosofia política-militar, sob o auspício da ONU, que foi criada em 1945, paradoxalmente, ainda antes de término da 2ºGuerra Mundial, ou quando estava terminando.

        As Nações Unidas decidiu então preservar as gerações futuras de novo flagelo e proclamar novamente nossa fé nos direitos fundamentais do ser humano que é a igualdade de direitos e o respeito entre povos, unindo esforços para manter a paz e a segurança internacionais, com a associação de esforços entre nações.
Embora nem todo mundo estivesse em paz, havia bastante otimismo e confiança nessas novas bases para uma paz mundial.

        Entretanto, um mundo sem guerra, a princípio, não iria se instalar, e sim desembocar em uma série de conflitos, algumas guerra civis, e outras guerras internas, que provocaram milhões de mortos e feridos.
Mas o grande objetivo da ONU, o de evitar outra guerra mundial, é atingido. A princípio a atuação da ONU foi difícil em função da “guerra fria”, que começou muito rapidamente, e logo após o término da 2º Guerra Mundial. A União Soviética expandia-se, chegando a ameaçar e amedrontar o Ocidente. A União Soviética opunha-se à tendência dos Norte Americanos à hegemonia mundial, por isso ocorreu a ruptura em 1947, justamente quando a ONU começava melhor estruturar-se, lembrando que EUA e União Soviética foram aliados na Guerra contra o Nazismo de Hitler.

        A ONU, não contava com a “Guerra Fria”, cujos conceitos de acusações chegavam às ações de bloqueios e intervenções econômicas e políticas, interposto entre as duas potências e seus aliados, sob a ameaça militar e nuclear. A ONU teve que conviver com essa chamada “guerra fria”, a qual congelava a capacidade dos governos atingirem um consenso quanto a uma possível ação conjunta para conter uma agressão entre nações. As compensações surgiram gradualmente, sob outras formas de controle de conflitos. Essa evolução contribuiu para o nascimento, daquilo que hoje chamamos de “Força de Paz”. Essa nova prática que surgiu de improviso, como uma resposta às necessidades que os conflitos impunham, para que se criasse um espaço favorável às negociações de reconciliamento.

        A primeira intervenção da ONU foi na questão da Palestina, com a criação do Estado de Israel, pela própria organização, a qual sustentou um plano de partilha da Palestina, com a surpreendente concordância dos EUA e União Soviética, apesar da “guerra fria” e suas mazelas. De fato as Nações Unidas querendo fazer justiça ao povo judeu, vieram a contribuir, se bem que de modo involuntário, para o surgimento do grande problema Palestino, uma vez que os Estados Árabes não aceitavam de maneira nenhuma, o ressurgimento de um Estado Judeu naquela região, e com os árabes da Palestina se manifestando totalmente contrários a esse projeto.

        Estabeleciam-se assim 1º conflito no Oriente Médio, que ameaçava e vinha tomando proporções maiores, o qual veio arrastando-se entre um conflito e outro. 
Observadores militares da ONU tornaram-se a “Organização de Supervisão da Trégua da ONU na Palestina”, e era composta por pessoas imparciais, objetivas e desarmadas, e também muito corajosas. Sua missão era manter a trégua sem conceder vantagem a nenhum dos lados. Um grupo semelhante foi introduzido em Caxemira para monitorar o cessar fogo entre Paquistão e Índia, em 1948. 

        Após seis anos de relativa paz, uma nova crise irrompeu no Oriente Médio, desagradou aos ingleses e franceses que mantinham o monopólio sobre esta importante via de navegação, quando o líder egípcio Gamal Abder Nasser, no dia 29 de Outubro de 1956, nacionalizou a Companhia do Canal de Suez. e proibiu a passagem de navios israelenses pelo canal. A reação das partes que se sentiram prejudicadas não demoraria: em poucas horas começariam intervenções militares dos europeus e judeus. A França e Inglaterra que eram sócios desse condomínio, sentindo-se ultrajados, reagiram com violência e passaram a colaborar com Israel, para a execução de um plano secreto, na tentativa de derrubar “Gamal Nasser”, com militares desses três países, em ação de conflito no Egito.  Enquanto os ingleses e franceses ocupavam a zona do Canal, Israel invadia a Península do Sinai e ocupava o enclave jordaniano, a oeste do Rio Jordão, de tal forma que, parte da Cidade Santa de Jerusalém ficou dentro dos limites de Israel. Esse conflito acabou gerando uma grande crise internacional, com ameaças de intervenções das duas outras grandes potências: EUA de um lado, e União Soviética de outro. Tanto os E.U.A. quanto a U.R.S.S. se opuseram aos atos de guerra, mas foi da União Soviética que partiu o ultimato para que as forças invasoras abandonassem suas posições. Sofrendo as pressões diplomáticas da O.N.U. e das duas grandes potências os europeus logo se retiraram e os judeus, um ano depois.

        Para evitar esse desastre, que se apresentava como inevitável e eminente, em um discurso firme e veemente na “Reunião de Emergência da Assembléia Geral da ONU”, o embaixador do Canadá na ONU, Sir Lester Pearsqn, exigiu do Sr. Secretário Geral da ONU, que apresentasse em 48 horas, um plano para a formação, com o consentimento das nações envolvidas, de uma força internacional de emergência da ONU, para assegurar e supervisionar a supressão imediata das hostilidades, de acordo com os termos da Resolução da ONU. O problema no Oriente Médio, estava se tornando perigoso demais e era importante para a ONU tomar uma decisão que determinasse o fim do conflito.

        As Sessões do Conselho de Segurança, bem como da Assembléia Geral da ONU, ficavam lotados e todos os assentos tomados pela representação dos países membros das Nações Unidas. 
A concretização da proposta do Ministro do Exterior do Canadá foi um marco no desenvolvimento daquilo que chamamos hoje de força de paz, pois exatamente nesse momento surgiram os capacetes azuis da ONU. 
Era uma novidade, soldados que sempre foram treinados para guerra, pela primeira vez na história do mundo, viessem a se empenhar e lutar pela Paz.

        Então, como de fato, em outubro de 1956, tivéssemos uma guerra de fato, a qual ameaçava a paz mundial, foi necessária a criação da 1º força de paz real “UNEF - Forças de Emergência das Nações Unidas que foi criada para garantir o cessar fogo e evitar nova guerra entre árabes e israelitas, e assim manter a paz no Oriente Médio, cujo conflito ameaçava a paz mundial, devido as tensões em tempos de “guerra fria”. Partiu do Canadá, a idéia de criar a Força Internacional de Emergência, destina­da a supervisionar o fim do conflito na área do Canal de Suez. Devido aos problemas do conflito, o Presidente Nasser do Egito busca proteção da ONU, que em 05 de novembro de 1956 cria a UNEF com a finalidade e função de supervisionar o fim do conflito e de manter a paz, neutralizando a guerra entre o Egito e Israel, que se tornaram os principais litigantes.

        E a ONU exigiu que a França, Inglaterra e Israel saíssem do território egípcio, e em dezembro 1956, a força de paz da ONU começava a operar, criando uma linha de demarcação de armistício (ADL) e uma zona neutra entre os territórios do Egito e Israel.

        Pela primeira vez na história da humanidade, soldados que sempre foram trei­nados para a guerra e para defender o seu país, iriam defender a paz em outras terras. Essa força de Emergência era formada por contingentes dos exércitos de dez países, a saber: Brasil, Canadá, Colômbia, Dinamarca, Finlândia, Índia, Indonésia, Iugoslávia, Noruega e Suécia Cada um destes agrupamentos tinha em média 600 homens, entre praças e oficiais, num total de 6.000, representando as dez nações durante um ano, renovando seus efetivos a cada ano. Então os “boinas azuis” entram em cena estabelecendo-se na Faixa de Gaza, numa área de 100 Km de extensão por 10 Km de largura, criando uma zona neutra ao longo da A.D.L. - “Armistice Demarcation Line” (linha de demarcação do armistício), nada mais do que a fronteira física e política entre Israel e Egito, arbitrada pelo Conselho de Segurança da ONU, após acordo. A missão precípua da UNEF era observar e patrulhar a área, evitando que elementos árabes ou judeus cruzassem a linha de demarcação e, caso houvesse uma agressão, tentar interpor-se, e apontar o agressor e todo o efetivo da Força Internacional de Paz ficaria hospedada no lado egípcio e seus elementos não poderiam pisar em solo israelita sob pena de punição e repatriamento. As forças de Colômbia, Finlândia e Indonésia se retiraram logo depois do início da missão. Para isso o comando geral da força, dividiu a Faixa de Gaza em seções, atribuídas, uma área delimitada aos diferentes batalhões que compunham a Força. Havia ainda os serviços de guarda nas áreas de Logística e Manutenção da Força, no seu pequeno aeroporto na cidade Khan Yunes, e no Q.G. da UNEF na cidade de Gaza.

        A participação do Brasil na 2º Guerra Mundial e a brilhante atuação da FEB - Força Expedicionária Brasileira no Teatro de Operações da Itália granjeou, para o nosso país, extraordinário prestígio internacional. Como demonstração dessa realidade, o Brasil teve, em várias oportunidades de crise mundial, convocado sua colaboração por organismos internacionais, a emprestar participação de efetivo militar armado, visando à manutenção da paz em várias regiões conflagradas do globo terrestre. A primeira delas foi no Oriente Médio, mais propriamente na Faixa de Gaza - fronteira física entre Israel e Egito, por solicitação da Organização das Nações Unidas, onde o Brasil participou com um efetivo militar de um Batalhão, por dez anos consecutivos, cujos membros se revezavam, ao todo, em vinte Contingentes, renovados duas vezes por ano. Em seguida vieram outras missões em diferentes regiões e em períodos diversos.

        O Brilhante desempenho dessas honrosas missões está registrado na história do Exército Brasileiro. O relato dos tópicos seguintes tem por objetivo proporcionar a leitura do que foi o Batalhão Suez (III / 2º RI) e a participação brasileira no Oriente Médio, na linha de armistício estabelecida entre Egito e Israel, como integrante da Força de Emergência das Nações Unidas.

        O nosso batalhão foi formado pelo Exército Brasileiro como 111/2º RI (3º Batalhão do 2º RI), no Rio de Janeiro, tomou a denominação de BATALHÃO SUEZ, devido à área de atuação estar próximo ao Canal de Suez e que viria a integrar a recém força internacio­nal de paz, com a responsabilidade de representar o Exército Nacional, e o povo brasileiro, perante outros Exércitos, na Palestina, região do Oriente Médio, mais precisamente na Faixa de Gaza e o Deserto de Sinai, na composição da primeira Força de Paz que o mundo iria conhecer até então. 

        A inclusão do 111/2ºRI (Batalhão Suez) como unidade do Exército, foi ratificada por decreto legislativo federal, em 22 de novembro de 1.956, ocasião em que se deu a criação do 1º Contingente militar integrante da UNEF, e que teria período de adestramento no campo de instruções do então 2º Regi­mento de Infantaria, subordinado 1ºAuditoria de Guerra do Exército. 

        O efetivo do Batalhão Brasileiro compunha-se de oficiais e praças do Exército Brasileiro, que para incorporar-se à nova Unidade do Exército, eram rigorosamente selecionados, ter boa qualificação e conduta moral, com especial atenção ao estado físico de cada elemento, como altura e peso compatível e submetido a vários exames médicos e aplicação de várias vacinas para imunizações etc.

        O primei­ro contingente brasileiro, chegou em terras egípcias em Port Said, a 4 de fevereiro de 1957, sob comando do coronel Iracïlio Ivo De Figueiredo Pessoa, hoje general da reserva, o seu sub-comandante foi o major Afonso Celso Boldstain, a tropa viajou a bordo do navio TrT Custódio de Melo da Marinha de Guerra do Brasil, tendo o capitão de mar e guerra Arnoldo Toscano, comandante do navio.

        A partir então teve inicio a histórica participação de soldados brasileiros, na 1º missão no exterior, após a 2º Guerra Mundial, que no Oriente Médio cumpririam missão especial, integrando-se a UNEF - Força de Emergência das Nações Unidas e seguiu-se, então os demais contingentes brasileiros, através de revezamento a cada seis ou sete meses, após cada um para cumprir cerca de um ano de mis­são num total de 20 Contingente até o ano de 1967, quando eclodiu a Guerra dos 6 Dias, e decretado o final da UNEF.

 


"CAPA" DO TALÃO DE TICKTES
 UTILIZADO PELO EFETIVO DA UNEF COM NUMERAÇÃO 047522. 

1º/2º Grupo de Transporte "Condor"


        Em 21 de setembro de 1959 foi criado o 1º Esquadrão do 2º Grupo de Transporte, através da Portaria Reservada nº 58/GM3. O Esquadrão foi ativado a 1º de outubro do mesmo ano, na Base Aérea do Galeão.

        O Esquadrão foi inicialmente equipado com as aeronaves Douglas C-54G Skymaster, doze das quais foram adquiridas pela FAB e registradas de 2400 a 2411; os dois primeiros exemplares foram recebidos pelo Esquadrão em 13 de abril de 1960. Com a grande capacidade de carga do C-54 - capaz de transportar 44 passageiros e 9.000Kg de carga - o Esquadrão passou a ter um papel cada vez mais importante nas missões desempenhadas a serviço do Correio Aéreo Nacional - CAN, substituindo paulatinamente as aeronaves Douglas C-47 utilizadas à época.

        Uma das principais missões realizadas pelo Esquadrão com as aeronaves C-54 foi o apoio ao Batalhão "Suez", unidade de voluntários do Exército Brasileiro a serviço da Força de Emergência das Nações Unidas - FENU, sediada na Faixa de Gaza, Egito, de 1960 a 1967. Os C-54 substituíram os B-17G utilizados até então (operados pelo 1º/6º GAV), e realizaram um total de 85 missões, a última delas no dia 17 de maio de 1967, um dia após o pedido de retirada da FENU pelo governo egípcio.

C-54 2407 (via N.L. Senandes)

 

C-54 2410 - notar as bandeiras dos inúmeros países visitados,
 pintadas na fuselagem logo atrás da asa (via N.L. Senandes) 


        Em 1960, o Esquadrão foi encarregado do transporte das urnas contendo os restos mortais dos "pracinhas" da Força Expedicionária Brasileira, mortos em combate na Itália durante a IIª Guerra Mundial, os quais encontravam-se no Cemitério Militar Brasileiro em Pistóia. Durante o vôo de regresso, a aeronave C-54 2401 acidentou-se em Lisboa; felizmente as urnas não foram danificadas, apesar da aeronave ter sido perda total.

At the time the B-17s were the aircraft with the largest range available to the FAB. Thus they were assigned to support the IIIº/2º Regimento de Infantaria - "Batalhão Suez", the Brazilian Army component of the United Nations Emergency Force, based at Gaza Strip (Egypt-Israel border). Between March 1957 and May 1960, 24 trips were performed, with the B-17s from 6º GAV running the monthly CAN service to that part of the globe


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