CEL.FRANCISCO RUAS SANTOS


  Coronel Francisco Ruas Santos

Capitão de Infantaria da FEB

Sócio do  Instituto de Geografia e Historia Militar do Brasil – IGHMB

04 ago 1914 – 01 ago 2008 

Israel Blajberg (*)

 

Natural de Belo Horizonte - MG, era da turma de novembro de 1937 da Escola Militar do Realengo. Em 1944 foi comissionado no posto de Capitão por ter se apresentado voluntariamente para integrar a Força Expedicionária Brasileira.

Na guerra exerceu a função de Comandante da Companhia de Serviços do 11o Regimento de Infantaria.

Entre 1958 e 1963 foi instrutor de História Militar da Academia Militar das Agulhas Negras.  

Em 1964 foi promovido ao posto de Coronel.  

De 8 abril de 1965 a 31 agosto de 1967 comandou o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Rio de Janeiro.  

Passou para a reserva em 1973.  

Pela sua participação na Segunda Guerra Mundial recebeu a Cruz de Combate de 2a Classe, Medalha de Campanha e Medalha de Guerra.  

Autor de inúmeras obras sobre História Militar, sua contribuição é vasta e amplamente difundida através da Internet nos catálogos das livrarias especializadas. 

Professor Emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Sócio Benemérito do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, Sócio Benemérito do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil, Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e Patrono em vida da Cadeira n°. 33 da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, cadeira esta inaugurada pelo Cel Manoel Soriano Neto. 

Conforme declarou ao Projeto de Historia Oral da FEB, sua motivação para integrar a FEB de forma voluntária originou-se de uma declaração de Adolf Hitler, na qual dizia que o Sul do Brasil  produzia muito do que a Alemanha precisava.  

Com esta afirmação o ditador insinuava pretender tomar posse dessa região do País. 

O Cel Ruas Santos presenciou a morte de Frei Orlando, Patrono do Serviço de Assistência Religiosa do Exército. Na véspera do ataque a Monte Castelo estava em seu jipe, acompanhado do motorista, de um pracinha e de um guerrilheiro italiano, em direção à linha de frente, para levantar necessidades da tropa – 11o RI – quanto a serviços.  

No caminho, ao deparar com Frei Orlando sentado à beira da estrada, oferece-lhe carona. O religioso se senta ao seu lado. De repente, o jipe bate com o diferencial numa pedra e para. 

Saltam todos, tirando o jipe daquela posição. Em seguida, O Cap Ruas pega a manícula da viatura a fim de remover a pedra.  

O guerrilheiro italiano, no intuito de ajudar, tentando retirá-la, bate com a coronha de sua carabina sobre a pedra. Ela dispara e mata Frei Orlando.  

Quando o Cap Ruas  tentou pedir-lhe que parasse, a arma disparou.

Nas palavras do Cap Ruas:  “ ... foi muito rápido ... ele veio logo com a carabina. Coitado! Como ele sofreu! Ficou abraçado ao corpo do Capelão, chorando, porque tinha sido involuntariamente o causador daquela morte. Era a bala que poderia ter morto... a mim também.” 

Já com mais de 90 anos, o Cel Ruas muito valorizava as atividades ligadas à documentação,  são importantíssimas, dizia, enfatizando a necessidade do domínio das fontes.  

Freqüentava com muita disposição os Institutos a que pertencia, deslocando-se sozinho e ágil pelo metrô, cujas escadarias transpunha com facilidade impressionante. Intervia regularmente nos debates, com a voz muito clara e forte que lhe era peculiar. 

Em princípios de 2008 sua ausência começou a ser notada, preocupando a todos, até que nos chegou a noticia de que havia partido. 

Repousa agora eternamente no Mausoléu da FEB, no Cemitério São João Baptista no Rio de Janeiro, com os antigos pracinhas o acompanhando na derradeira jornada, seus camaradas de armas da Campanha da Itália.  

Missas de 7°. Dia foram oficiadas na Igreja de Santa Teresinha  na Rua Toneleros em Copacabana, próximo a sua residência na mesma rua, a qual freqüentava, e na Santa Cruz dos Militares. 

O Exército e o Brasil muito devem ao seu ingente trabalho no campo da historiografia militar. 

Num dia de 1944 partiu ele para o desconhecido, retornando coberto de glórias. Foi um grande soldado. 

Os militares brasileiros, especialmente seus ex-alunos do CPOR/RJ, os oficiais R/2 de ontem, hoje e sempre terão na figura do Cel. RUAS um exemplo a ser seguido, de alguém que passou pela Casa de Correia Lima, o antigo Quartel da Quinta da Boa Vista onde hoje está instalado o Museu Militar Conde de Linhares.

Que a sua alma faça parte da corrente da vida eterna.

E assim será, pois velhos soldados nunca morrem, no dizer do adágio de antiga canção da I Guerra Mundial: “Old Soldiers Never Die”.

(*) iblaj@telecom.uff.br

De: "Prof. Israel Blajberg" iblaj@telecom.uff.br

de theojr <theojr@terra.com.br>
data 13/08/2008 09:13
assunto Cel Ruas Santos, 1914 - 2008


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